Em sua terceira participação na mostra competitiva Panoramas do Sul, o artista mineiro fala sobre sua carreira, entremeada pelo trabalho com mídia e tecnologias da imagem, e sobre sua obra Cordis, exibida no 18º Festival. Conta como ela nasceu a partir de uma viagem à cidade de Cordisburgo, no interior de Minas Gerais, famosa por ser o lugar de nascimento do escritor Guimarães Rosa. Das mais de 20 horas de material bruto – realizado primeiramente para compor um cenário de peça teatral – nasceu o vídeo, que, segundo Bellini, tenta se aproximar da relação que os habitantes da região têm com os ciclos vitais de vida e morte. Essa forma simples e honesta de lidar com as transformações naturais acabam por revelar uma certa paz de espírito característica, afirma, de um certo “misticismo mineiro”, região do país que ele descreve como sendo “um buraco cheio de ferro”. O artista associa as sequências em branco-e-preto de seu trabalho com a noite, lugar de abertura e do florescimento da vida em uma pluralidade de formas; e os momentos luminosos com o dia, lugar do concreto e do fixo, onde a morte se instala. Aproxima ainda, sua maneira de filmar com a fotografia, pela característica contemplativa de seu processo criativo. Por outro lado, relata como em Landscape Theory – obra apresentada no 15º Festival – tomou consciência da interferência que o aparato de filmagem exerce sobre os objetos gravados. Fala ainda da evolução da videoarte nos últimos anos, avaliando de forma positiva o surgimento de uma maturidade que substituiu o deslumbre que essa mídia causava anteriormente.
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