Os distritos populares de Túnis e a perseguição da família militante são pontos de partida para criações de NIDHAL CHAMEKH (Tunísia, 1985), na intersecção entre o biográfico e o político, o vivido e o histórico, o evento e o arquivo. Do desenho à instalação, da fotografia ao vídeo, suas obras dissecam a constituição da identidade contemporânea. Formado na Escola de Belas Artes de Túnis e Universidade Sorbonne, em Paris, teve obras exibidas na 56ª Bienal de Veneza, Itália, na Trienal de Aichi, Japão, na Bienal de Yinchuan, China, na Bienal de Dakar, Senegal, além das exposições Politics Collective (Túnis), no Instituto do Mundo Árabe (Paris), no FM Contemporary Art Centre (Itália), na Art Basel (Suíça), entre outras.
Na 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, o artista apresentou duas obras:
NEVER GIVE UP (vídeo, 2017) Após o desmantelamento de um acampamento, ordenado pela prefeitura de Pas-de-Calais em março de 2016, um grupo de refugiados se vê forçado a abandonar a comunidade que construiu e inventou. Como um ato de resistência, incendeiam suas moradias improvisadas, antes que a maquinaria pesada venha fazê-lo. Enquanto uma das habitações é consumida pelo fogo e as paredes começam a ruir, uma frase aparece: “Nunca desista”, em um vídeo marcado pelos sons do vento e das chamas, pela fumaça escura e pela presença implícita ou explícita da polícia francesa.
DE QUOI RÊVENT LES MARTYS II (Tinta, grafite e transfer sobre papel, 2012-2013) O desenho é a base da arte. Há sempre um desenho preliminar à obra, formando uma camada discreta que se esconde atrás da pintura, escultura, vídeo ou instalação sem jamais cair no esquecimento. É na busca dessa ancoragem que se estabelecem os desenhos de Nidhal Chamekh em torno da figura do mártir, construções pictóricas em que sonhos sobre a vida e sonhos sobre a morte parecem se misturar numa única e mesma dimensão.
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