Prêmio Videobrasil em Contexto
O artista egípcio Mahmoud Khaled e o brasileiro Claudio Bueno estão na fase final da produção de suas obras comissionadas pelo Prêmio Videobrasil em Contexto. Ao longo de três meses de residência realizada em São Paulo e em Londres, eles desenvolvem trabalhos que lidam com o Acervo Videobrasil. Durante a fase londrina, os dois participaram de um encontro público na Whitechapel Gallery, no dia 8.11, quando fizeram uma breve descrição de seus projetos, além de apresentarem os vídeos do Acervo Videbrasil que informam suas pesquisas.
Claudio Bueno está criando Dispositivos relacionais. O trabalho envolve um objeto artístico e um texto, que abordam o modo como o real contato entre as pessoas, neste presente de superconectividade, é, de alguma forma, precário ou mesmo impossível. “Trata-se de uma vestimenta que repele o toque entre as pessoas para evidenciar essa aproximação pela negação, num momento em que parecemos estar todos muito conectados – mas, no fundo, ainda em dúvida se realmente há contato real”, explica o artista. Tomando como referência trabalhos de Analívia Cordeiro, Paula Garcia e Coco Fusco, o elemento performativo é central na investigação de Claudio, conforme ele ressaltou durante sua fala na Whitechapel Gallery.
No trabalho do outro artista ganhador do Prêmio, o egípcio Mahmoud Khaled, o ambiente circunstante, principalmente a cidade, é um elemento decisivo. A arquitetura e a história da arte também terão papel importante: “o projeto é uma espécie de diálogo com a arquitetura, e é também sobre assuntos romantizados na história da pintura - temas como humanidade, solidaridade e isolamento, no contexto de uma mega cidade como São Paulo”, diz Khaled. Em sua apresentação na Whitechapel, Khaled apresentou, entre outros, trabalhos de Wagner Morales, Akram Zaatari e Estúdio Bijari, que, na visão de Khaled, tratam do estatuto da arte ao lidar com ideias como urbanidade, ocupação do espaço, sexualidade, solidão, mobilidade.
O Prêmio Videobrasil em Contexto tem no Acervo Videobrasil o seu principal insumo de pesquisa e produção – trata-se de uma coleção de vídeo e performance reunida ao longo de três décadas. O Prêmio seleciona anualmente dois artistas, sendo um brasileiro e um proveniente de alguma das regiões do sul geopolítico. Nesta primeira edição do prêmio, artistas contemplados cumprem residências em São Paulo e Londres, e participam de um programa que inclui a apresentação pública do processo de criação e dos resultados finais. As obras são incorporadas ao Acervo Videobrasil e também integradas a uma publicação online.
Saiba mais visitando a página do projeto.
Realização: Associação Cultural Videobrasil, em parceria com Sesc, Delfina Foundation e Casa Tomada.