Walter Zanini: 1925 – 2013
Faleceu hoje, em São Paulo, Walter Zanini, historiador, crítico de arte e curador paulistano nascido em 1925. Diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, entre 1963 e 1978, foi o responsável por mudanças consideráveis no perfil do Museu, como a realização do programa Jovem Arte Contemporânea, que substituiu as exposições anuais Jovem Desenho Nacional e Jovem Gravura Nacional. Zanini foi também curador das 16a e 17a edições da Bienal de São Paulo.
“Esta é uma perda lastimável, de uma das mais importantes vozes na construção da cena artística contemporânea brasileira, com um trabalho fundante em videoarte e curadorias generosas e precisas nas bienais de 1981 e 1983”, declarou o curador Eduardo de Jesus. Eduardo participa, juntamente com Solange Farkas, da concepção de ações de programação dedicadas a Zanini em meio à celebração dos 30 anos do Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.
Zanini já seria a figura de destaque do eixo histórico desta edição 2013 do Festival, já que ele contribuiu não apenas para a criação da cena brasileira de videoarte, mas também foi um interlocutor importante para as curadorias do Videobrasil e para a construção de seu acervo. Com sua morte, essa programação deve ganhar também caráter de homenagem.
"Walter Zanini foi uma das figuras mais importantes para a disseminação e legitimação da videoarte no Brasil; ele criou uma importante agitação em torno da imagem em movimento. Quando curador do MAC, apresentou equipamentos de vídeo a jovens artistas que vieram, assim, a produzir os primeiros trabalhos brasileiros de videoarte. Por esse papel, sua morte não é apenas uma perda para a arte brasileira, mas para a arte em geral, já que ele estimlou decisivamente um panorama que hoje tem influência global", declara a curadora Solange Farkas. Foi dentro desse espírito arrojado que Zanini realizou as exposições Prospectiva 74 e Poéticas Visuais 1977, consequências de suas relações com artistas e instituições, tanto no Brasil quanto no exterior, por meio de incentivo à produções experimentais, sobretudo aquelas ligadas à videoarte e arte postal.
"Uma das marcas registradas da gestão de Zanini frente ao MAC é, sem dúvida, a promoção da arte conceitual e de outras vertentes não-objetuais, que transformaram a instituição num foco irradiador e receptor dessas tendências em âmbito internacional", corrobora a crítica Annateresa Fabris em pesquisa dedicada ao curador, que também lembra que sua sólida formação em história da arte fez de Zanini um dos primeiros profissionais brasileiros a exibir um perfil específico, que se traduziu num trabalho sistemático de organização e disponibilização de obras e documentos, hoje distribuídos entre MAC, Fundação Bienal de São Paulo e Museu de Arte Moderna de São Paulo. A imporância do curador é lembrada, ainda, por Hans Ulrich Obrist, que lhe dedicou páginas de seu A brief history of curating.