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	Encontro Videobrasil | Caribe: arquipélagos para o pensar, realizado em 14.5 no Ateliê 397

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	Encontro Videobrasil | Caribe: arquipélagos para o pensar, realizado em 14.5 no Ateliê 397

    Encontro Videobrasil | Caribe: arquipélagos para o pensar, realizado em 14.5 no Ateliê 397

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	(da esq. para dir.) Annalee Davis, Mirtes Marins de Oliveira, Sabrina Moura e Andrés I. M. Hernández

    (da esq. para dir.) Annalee Davis, Mirtes Marins de Oliveira, Sabrina Moura e Andrés I. M. Hernández

Encontro Videobrasil no Ateliê 397

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postado em 28/05/2013
Caribe foi tema de encontro que abriu os Programas Públicos, nova plataforma Videobrasil de contato e reflexão

O Encontro Videobrasil | Caribe: arquipélagos para o pensar foi a primeira experiência de um formato de atividade que integra a série de Programas Públicos Videobrasil. A fase inaugural dessa programação permeia o 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (que acontece de 5 de novembro de 2013 a 2 de fevereiro de 2014) com atividades que iluminam e geram reflexão a partir de temas das exposições do Festival em diálogo com outras áreas do conhecimento. A programação se baseia na multidisciplinaridade e na participação pública direta e horizontal, como um laboratório de interações, e inclui uma plataforma digital colaborativa de debate e pesquisa, percursos performativos e atividades relacionadas com programas de residência.

A conversa realizada no último 14 de maio no Ateliê 397 (São Paulo) enfocou um contexto geocultural central para projetos Videobrasil. Ao lado de América Latina, África, Oceania, Oriente Médio, Leste europeu e parte da Ásia, o Caribe é uma região importante para o Videobrasil, não apenas por sua significativa cena artística e investigativa, mas também pelo modo que oferece matéria rica para pensar criticamente relações entre cultura e identidade. Participaram do encontro a artista visual Annalee Davis, diretora do centro independente de práticas artísticas Fresh Milk, de Barbados; Andrés Hernandez, curador cubano radicado no Brasil; e a pesquisadora e docente brasileira Mirtes Oliveira.

O mote da conversa pública foi o pensamento do escritor martiniquês Édouard Glissant, que adotou a natureza insular das Antilhas como alegoria para um “pensamento-arquipélago” em oposição ao “pensamento continental”, de natureza hegemônica ou homogeneizadora. Como observou a mediadora Sabrina Moura, curadora de programas públicos Videobrasil, “derivado das dinâmicas de formação da língua crioula  nas Antilhas, o conceito de “crioulização” elaborado por Glissant extrapola o campo da linguística, para ser usado na reflexão sobre fenômenos culturais relativos à globalização”. O entendimento do crioulo como linguagem de relações em vez de essências mantém em jogo suas tensões linguísticas originais e amplia a compreensão dos intercâmbios culturais.

Andrés Hernandez, cuja pesquisa envolve eventos artísticos centro e latino-americanos, invocou a história caribenha para ressaltar suas mais agudas experiências de choque e assimilação. Não apenas durante e logo após as primeiras vagas colonizadoras que expatriavam, territorial ou culturalmente, colonos, escravos e nativos, mas também depois da 2ª Guerra Mundial (quando de receptor de populações migratórias o Caribe se converteu em polo de emigração), a história caribenha comporta extremos do processo de confrontação intercultural, refletida tanto na produção teórica como nas artes. Além da trajetória da Bienal de Havana, Hernandez destacou a obra de Wifredo Lam, que conseguiria sincretizar experiências sem perder a autonomia simbólica.

Para Mirtes Oliveira, que integra o grupo de estudos G27 (dedicado à pesquisa histórica de processos e práticas curatoriais), esse debate visa relações de troca que propõem a manutenção da diversidade em lugar de sua diluição – um embate entre utopia do universal e utopia da diversidade. Dentre a tentativas de abordagem, ela citou vanguardas históricas que propunham uma visão internacionalista desde um ponto de vista local e mostras como Family of men (MoMA, 1955) e a 27ª Bienal de São Paulo. Um enfrentamento particularmente feliz seria a obra de Isaac Julien, que parte do neologismo ‘geopoética’ para pensar uma arte que se sobrepõe à política como arena sócio-cultural.

A fala de Annalee Davis apresentou uma experiência contemporânea sob um tema provocativo: We re all floating islands – Some much larger than others. Ela comentou “how Fresh Milk, as an art project, has become an opening for human exchange within the insular Caribbean and further afield. (...) Glissant writes about being ready to make detours and we are often directed to attune ourselves to opportunities that present themselves to us. This happened when Thereza Farkas [Videobrasil programme director] visited. After listening to each other’s stories, we began to wander and wonder. Fresh Milk was writing a grant application for a project with our friends and partners, ARC Inc., and the project took a major ‘Glissantian’ detour, being then shifted to Sao Paolo”. Chamado Tilting/AXIS, o projeto pretende repensar a polifonia teórica e artística internacional para aprofundar o papel do Caribe nesse debate.

Informações sobre este e (muitos) outros desdobramentos dos Programas Públicos Videobrasil estarão em nosso site ao longo dos próximos meses. Assine nossa newsletter mensal para receber atualizações.

O 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil é uma realização da Associação Cultural Videobrasil e Sesc SP.