18º Festival: vetores e inflexões
No primeiro dia da programação oficial do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, os curadores da mostra competitiva Panoramas do Sul, da exposição 30 Anos e dos Programas Públicos se encontraram para um debate com o público. Juntos, eles trataram de questões como a seleção das obras e o trabalho na concepção de uma programação que desse tanto conta da retrospectiva de três décadas do Festival, quanto dos critérios e eixos norteadores da Panoramas do Sul.
Solange Farkas, Eduardo de Jesus, Fernando Oliva e Júlia Rebouças foram os responsáveis pela curadoria da mostra competitiva Panoramas do Sul, com o apoio de Diego Matos como curador assistente. Para a exposição 30 Anos, Solange Farkas, que é a fundadora e curadora do Videobrasil, teve o apoio do Eduardo de Jesus na pesquisa e projeto que resultaram na videoinstalação que recupera destaques e personagens da trajetória do festival. Ao lado de Sabrina Moura, curadora dos Programas Públicos do 18º Festival Sesc_Videobrasil, eles receberam artistas, jornalistas, pesquisadores e público em geral para um bate-papo no Galpão do Sesc Pompeia, na abertura oficial do Festival, dia 06.11, as 11h. O encontro faz parte do Foco 2 dos Programas Públicos do Festival, “Vetores e Inflexões”, que trata das questões ligadas às mostras e temas da curadoria da edição 2013.
Na ocasião, Solange Farkas explicou que o processo de seleção das obras que fazem parte da mostra competitiva Panoramas do Sul se inicia com uma convocatória aberta, como ocorreu em outras edições. “Não é uma curadoria feita de antemão. Nós avaliamos quase dois mil projetos, a partir dos quais fomos montando o projeto da mostra, sempre a partir do foco do Festival, que é destacar a produção de artistas de países do chamado Sul Geopolítico – ou seja, que estão fora do eixo hegemônico da Europa Ocidental e América do Norte”, contou Solange. Nesta edição, foram selecionadas 106 obras de 94 artistas, representantes de 32 países (América Latina, África, Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia e Oceania) para a mostra competitiva.
Júlia Rebouças reforçou este discurso, reafirmando o foco no Sul e identificando alguns traços em comuns entre o trabalho dos artistas desta edição: “Em muitos trabalhos selecionados temos esta questão em comum, que é a relação com o outro. A exposição está muito focada no tema da proximidade.”
História e evolução do festival
Eduardo de Jesus, que além da curadoria da mostra competitiva apoiou Solange na pesquisa e curadoria da exposição 30 Anos, conta que foi feita “uma espécie de escavacação arqueológica para levantar momentos importantes e personagens que passaram pelas três décadas do festival”. Tanto o Canal VB, acessado através do site videobrasil.org.br - e para o qual estão sendo produzidos programas especiais e recuperados momentos importantes do festival - quanto uma parte das atividades dos Programas Públicos vão abordar esta trajetória, que se divide em quatro fases.
A primeira fase vai de 1983 a 1988, quando o festival era anual e a produção de vídeo tinha um caráter mais documental, tinha uma ligação estreita com a TV. “Havia um desejo de que a produção invadisse a TV”, conta. “De um lado, a televisão precisava se abrir. De outro, um grupo de jovens querendo abrir a TV para produções mais experimentais.”
A segunda fase, que começa em 1992, é marcada pelo início da internacionalização do festival e do foco no Sul Geopolítico. Também foi o momento em que começaram a ser produzidos no Brasil vídeos com uma maior experimentação com a linguagem, além do início do uso de suportes como o CD-ROM na concepção de trabalhos interativos.
A partir de 2001, quando começa a terceira fase, o festival aproxima-se mais das artes visuais. Um dos grandes momentos desta fase foi o destaque para as performances, sendo a 15º edição, de 2005, toda voltada para essa forma de expressão.
Em 2011, tem início a quarta e atual fase que, segundo Eduardo, é marcada pela “abertura do festival para todas linguagens das artes contemporâneas, para além do suporte de vídeo”, como o desenho e a pintura. Também nesta fase o festival passa a dar ênfase para os programas de residência.
Cerca de 1.300 obras que ilustram todos estes momentos podem ser acessadas diretamente no Galpão do Sesc, na Videoteca do Videobrasil.
Programas Públicos e Plataforma VB
Sabrina Moura destacou que um dos principais objetivos dos Programas Públicos do festival é promover a reflexão sobre temas suscitados tanto pela mostra Panoramas do Sul, quanto dos 30 anos do Festival, de uma forma multidisciplinar e através de diferentes suportes e formatos. Divididos em oito focos, os programas vão trazer cerca de 60 convidados para encontros e atividades, em alinhamento com as ações educativas do Festival, mais voltadas á mediação das mostras. “Os programas públicos vão um pouco além, provocando experiências e debates que aprofundam e ao mesmo tempo expandem os questionamentos que surgem da pesquisa curatorial do Videobrasil”, afirma Sabrina.
Entre os destaques das iniciativas dos Programas Públicos deste ano é a criação da Plataforma VB, uma ferramenta para pesquisa coletiva on-line, na qual as vozes de artistas, curadores, educadores e público se cruzam. Concebida para operar de forma perene, juntamente com as ações da Associação Cultural Videobrasil, a Plataforma nasce com o 18º Festival e nele baseia sua matriz de conteúdo. As atividades dos Programas Públicos e as obras incluídas nas exposições Panoramas do Sul e 30 anos apontam as coordenadas iniciais dos mapas e vetores cartográficos que compõem a Plataforma VB, “que busca explorar e expandir as relações entre o conjunto de obras do Acervo Videobrasil e demais ações e pesquisas realizadas pela instituição, com a colaboração de artistas, curadores e pesquisadores convidados, além da interação do público, que também pode fazer seus comentários e criar mapeamentos”, finaliza Sabrina. Para conhecer mais sobre a Plataforma, acesse aqui.