Associação Cultural Videobrasil

É possível vislumbrar uma sociedade em que a raça não seja um fator predominante? Que desafios enfrentamos para que cheguemos a essa visão e como ela seria?

Para refletir e discutir sobre o não-racialismo e seus desdobramentos  nas áreas de ciências humanas, cultura e arte, o Goethe-Institut, em parceria com a Associação Cultural Videobrasil e o Sesc São Paulo organizam o workshop Arquivos sobre o não-racialismo nos dias 23, 24 e 25 de janeiro, reunindo artistas, curadores e intelectuais do Brasil, África do Sul e Estados Unidos nas áreas de filosofia, antropologia, ciências políticas e história. Entre eles, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; a pesquisadora da Associação Museu Afro Brasil Juliana Bevilacqua; o artista e pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Ayrson Heráclito; o fotógrafo mineiro Eustáquio Neves; e o cineasta Joel Zito Araújo.

O encontro faz parte do programa Summer Conversations, evento que reúne artistas e pesquisadores para refletir à luz de suas perspectivas locais a condição contemporânea da raça e como nossas histórias/arquivos podem prover instrumentos para nos mover para além da existente condição racial global. Os debates funcionam como uma prévia do Johannesburg Workshop in Theory and Criticism, um think tank sul-africano que trata de problemas globais considerando a posição dos países do Sul, realizado em parceria com a Universidade de Witwatersrand (África do Sul), Universidade Johns Hopkins (EUA) e o Instituto de Pesquisa em Humanidades da Universidade da Califórnia. O projeto visa a reterritorialização da produção intelectual mundial a partir do Sul, abordando temas e problemáticas internacionais.

Os dois primeiros dias (23 e 24 de janeiro) de evento serão fechados para as discussões do grupo, no Goethe Institut. No dia 25 de janeiro, às 16h, aniversário da cidade de São Paulo, acontece um Painel Aberto ao Público no Galpão do Sesc Pompeia, um dos espaços do Festival Sesc_Videobrasil, onde serão apresentadas e debatidas as principais questões discutidas nos dois dias anteriores. Neste encontro, também serão exibidos trabalhos de artistas que se relacionam com o tema do Não-Racialismo e com questões apontadas pelos participantes do Summer Conversations.

Sobre a questão da raça

Desde o século XV, a raça tem sido o elemento central na construção do mundo moderno, diferenciando senhores de escravos, exploradores de explorados, proprietários de não-proprietários, qualificados de (supostamente) não-qualificados. As lutas históricas travadas contra o racismo desde então, conseguiram em parte a universalização de alguns dos pilares mais importantes da modernidade, como liberdade, democracia e igualdade.

A expressão “não-racial” surge no século XIX com diversas interpretações intelectuais, políticas e éticas, entre elas, a ideia de uma natureza humana comum, compartilhada, e de que não há outra raça que não a humana. Após os movimentos dos direitos civis e de anti-apartheid no século XX, o “não racial” passa a significar principalmente a erradicação das diferenças e divisões sociais com base na raça e a abordagem de direitos humanos. Hoje o não-racial evolui para uma visão de emancipação do indivíduo de qualquer determinação racial.

Realização: Goethe-Institut

Parceria: Associação Cultural Videobrasil, Sesc São Paulo, Johannesburg Workshop in Theory and Criticism e Wits Institute for Social and Economic Research – University of Witwatersrand (da África do Sul) e Humanities Research Institute - University of California (dos EUA).

Serviço:

Workshop “Arquivos sobre o não-racialismo”

23 e 24 de janeiro de 2014
Goethe-Institut – Rua Lisboa, 974 – Pinheiros
Para convidados

Painel aberto ao público “Arquivos sobre o Não-Racialismo”
Exibição de vídeos do acervo Videobrasil
25 de janeiro | 16h
Sesc Pompeia | Rua Clélia, 93
Gratuito | Tradução simultânea

PARTICIPANTES

Ashraf Jamal – Escritor e professor, Cape Peninsula University of Technology
Ayrson Heráclito – Artista e pesquisador, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil
Danai Mupotsa – pesquisadora, Universidade de Witwatersrand, África do Sul
David Goldberg – Diretor do Humanities Research Institute, Universidade da California, EUA
Eustáquio Neves – fotógrafo e videoartista, Brasil
Joel Zito Araújo - cineasta e pesquisador, doutor em Ciências da comunicação pela ECA/USP, Brasil
Juliana Bevilacqua - doutoranda em História Social, FFLCH/USP, pesquisadora da Associação Museu Afro Brasil, Brasil
Kelly Gillespie – antropóloga, Universidade de Witwatersrand, África do Sul
Lilia Schwarcz –antropóloga, curadora e pesquisadora, USP, Brasil
Marina de Souza e Mello - historiadora Universidade de São Paulo, Brasil
Maria Helena Pereira Toledo Machado – historiadora, USP, Brasil
Michael Hanchard – cientista politico, Universidade Johns Hopkins, EUA
Nadia Fadil – professora assistente, departamento de Antropologia, Universidade da California
Roberta Estrela D’Alva - atriz, dramaturga e diretora, membro fundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e do coletivo Frente 3 de Fevereiro
Sabrina Moura – curadora, historiadora e pesquisadora, Associação Cultural Videobrasil, Brasil
Sylvia Nam – professora Departamento de Antropologia, Universidade da California
Teresa Caldeira – antropóloga, Universidade da California, EUA
Vorris Nunley – professora Departamento de Antropologia, Universidade da California
Zen Marie – artista, Universidade de Witwatersrand, África do Sul
Zinho Trindade - poeta, ator e MC Free Style, integrante da banda O Legado de Solano, Brasil