Itinerância 18º Festival — São Carlos
A capacidade que uma obra de arte possui de mudar nossas percepções de mundo e o impacto que essa mudança gera sobre indivíduos ou grupos estiveram no centro das discussões da Conversa com o Público, na abertura da exposição Itinerância do 18o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, no Sesc São Carlos. O encontro entre o curador assistente do Festival, Diego Matos, e o professor doutor em arquitetura e urbanismo da USP São Carlos, David Sperling, aconteceu nesta terça, às 19h, marcando o início da mostra que exibe as dez obras premiadas na última edição do Festival até o dia 20 de julho. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no evento, incluindo o vencedor do Grande Prêmio do Festival, Luiz de Abreu.
Diego Matos e David Sperling, cada um sob sua perspectiva, fizeram considerações sobre a função da arte como catalizadora de novas visões sobre o indivíduo e sobre a ressignificação do espaço urbano. David aponta para a necessidade de se “fazer ver o que não é visto — fazer com que, de áreas consideradas ‘vazias’ pelo sistema, surjam narrativas que preencham esse aparente vazio, mudando a maneira como enxergamos estes lugares”. Também discutiram a importância da circulação de obras fora de espaços tradicionais, como forma de promover novos olhares e formas de percepção. Diego ressalta o posicionamento do Videobrasil no cenário internacional das artes, que opera através de “olhares distintos sobre uma realidade distinta, que é a realidade deste Sul geopolítico — nosso foco curatorial — e que tem discursos que estão fora do eixo tradicional da história da arte”. Presente no evento, a fundadora do Videobrasil e curadora geral do Festival, Solange Farkas, reiterou a fala de Diego ao dizer que “esse olhar em direção a nós mesmos e ao nosso lugar, é o lugar do Videobrasil no contexto das artes”.
Durante a mesa, ambos reforçaram o caráter contestador de visões hegemônicas em muitas das obras, citando a performance O Samba do Crioulo Doido, de Luiz de Abreu, que venceu o Grande Prêmio do Júri no último Festival. Nela, Luiz usa seu próprio corpo para contestar estereótipos e visões históricas de negritude e gênero. “Sou eu falando de minha condição de homem negro, com meu corpo e nos meus termos. Ninguém fala por mim”, decretou o artista durante a abertura da exposição.
Além do trabalho de Luiz, obras de outros nove artistas de sete países ficam em exposição na unidade São Carlos do Sesc, até dia 20 de julho. Depois dessa data, o projeto de Itinerâncias do Festival segue para o Sesc Campinas, onde permanece em cartaz de 29 de julho a 05 de outubro. Há duas décadas o Videobrasil promove a itinerância do Festival como forma de ampliar o acesso à produção artística contemporânea e possibilitar novos recortes e discussões sobre suas propostas curatoriais.
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