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Mwangi Hutter, My Possession, 2005, performance

    Mwangi Hutter, My Possession, 2005, performance

Mwangi Hutter

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postado em 14/08/2014
O corpo como meio e a influência da história sobre a identidade na obra de Mwangi Hutter

Mwangi Hutter é o duo formado por Ingrid Mwangi e Robert Hutter. O casal de artistas, respectivamente nascidos no Quênia e na Alemanha, fundiu recentemente sua produção em busca de uma visão de mundo compartilhada. “Estamos discutindo as barreiras, os conceitos, as construções que criam nossa identidade. Estamos sugerindo que a ideia de diferentes gêneros e histórias pessoais pode, na verdade, ser totalmente superada dentro (...) desta união. Estamos (...) atuando como um só corpo, um só organismo”, comentam na PLATAFORMA:VB.


Em seus vídeos, fotografias, instalações, performances e esculturas, Mwangi Hutter discutem identidade e realidades sociais. Recentemente tiveram obras exibidas no National Museum of Women in the Arts (Washington, EUA), no Museum für Moderne Kunst (Frankfurt, Alemanha), no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madri, Espanha). Já Ingrid Mwangi esteve entre os selecionados para a 52ª Bienal de Veneza em 2007, ano em que o evento voltou a destacar a participação de artistas africanos.

Em My Possession (2005), o corpo mestiço de Ingrid Mwangi, trajando calça e camisa simples, ocupa o centro do palco. A artista se senta numa cadeira e, durante minutos de silenciosa autorreflexão, parece estar plena. A atitude introspectiva reflete sua declaração publicada no catálogo do 15º Festival (2005), dedicado à performance: “o corpo é a única coisa que lhe pertence. É seu este corpo, com sua história pessoal, que é também produto de influências históricas, fruto da miscigenação de colonizador e colonizado. Este corpo que, por estar vivo onde e como está, desafia o que lhe é imposto pelo sexismo, pelo racismo, por olhares sobre o exótico, ou por outros preconceitos que possa levantar”.  Em texto que integra o livro da exposição Memórias Inapagáveis, o crítico e pesquisador Marcos Hill comenta a “tensão sutil que se instala progressivamente na desconstrução de estereótipos” na obra My Possession e frisa a anulação do erotismo e do exotismo nesta performance.

O título My Possession pode ser interpretado tanto como “minha posse” como por “minha possessão”. O teor místico da possessão assume a performance e se sobrepõe ao sentimento anterior – forças externas podem domar e dominar este corpo. Ele realmente lhe pertence? A artista declara que a performance é catártica: “a intenção era mostrar que esta forma de experiência – seja ela o fortalecimento do eu ou a ditadura sobre o eu – é um processo muito forte”.

O vídeo apresentado em Memórias Inapagáveis é registro da performance apresentada na 15ª edição do Festival. É também sob certo aspecto místico que Mwangi Hutter exaltam as potências propagadoras do vídeo, meio capaz de estender o impacto de suas performances: “meu(nosso) impacto no mundo está sendo transportado pela mídia. É a ideia de emanação ou extensão do eu”, afirma(m) ao Videobrasil.


 

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