• Tereza (1992), de Caco Souza e Kiko Goifman | vídeo, 16'

    Tereza (1992), de Caco Souza e Kiko Goifman | vídeo, 16'

Mostra Videobrasil 30 Anos na China - Cancelado

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postado em 17/10/2014
UCCA, centro de arte contemporânea em Beijing, apresenta mostra de vídeo que recupera trajetória de três décadas do Festival e do vídeo no contexto das artes

Entre os dias 31 de outubro a 02 de novembro, sempre as 19h, um programa especial de vídeos da Associação Cultural Videobrasil será exibido na sala de cinema do Ullens Center for Contemporary Art – UCCA (Beijing, China).  A mostra Videobrasil 30 Anos recupera a trajetória do vídeo no contexto das artes. A fundadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil, Solange Farkas, estará na abertura da programação, no UCCA, no dia 31, às 19h. Solange aproveita a ocasião para divulgar a abertura de inscrições do 19º Festival  de Arte Contemporânea Sesc_Videbrasil e para acompanhar a residência da israelense Nurit Sharett na Red Gate, como resultado do prêmio de residência da China Art Foundation, que a artista recebeu na 18ª edição do Festival.

A mostra Videobrasil 30 Anos reúne obras que traçam um panorama das possibilidades técnicas, propostas estéticas e intenções políticas do vídeo. Com curadoria de Solange Farkas, a mostra apresenta ao todo 20 trabalhos de artistas brasileiros e internacionais que participaram de edições do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil. Entre eles, Ali Cherri, Akram Zaatari, Bouchra Khalili, Cao Guimarães, Eder Santos, Fernando Meirelles, João Moreira Salles, Lenora de Barros, Liu Wei, Marcellvs L., Kiko Goifman e Wagner Morales.

Organizada em eixos históricos que retratam os 30 anos do Festival, a mostra Videobrasil 30 Anos começa com o programa A Década de 80: Práticas Experimentais, apresentando obras das primeiras edições no primeiro dia de exibição no cinema do UCCA, em 31 de outubro, 19h. Em pleno processo de abertura política no Brasil, a produção de vídeo local tinha relação estreita com a linguagem documental e televisiva. Nessa mesma época, surgem as primeiras experimentações com os meios eletrônicos e com a videoarte. São desse período os primeiros trabalhos em vídeo do cineasta brasileiro Fernando Meirelles – famoso pelos longas-metragens Cidade de Deus e Ensaio Sobre a Cegueira –, como Marly Normal, dirigido por ele e Marcelo Machado. Também serão exibidos neste programa os vídeos dos artistas brasileiros Rafael França, Reencontro; Lenora de Barros e Walter Silveira, Homenagem a George Segal; Eder Santos, Mentiras e Humilhações; Walter Silveira e Pedro Vieira, VT Preparado AC/JC; e Sandra Kogut, Juliette.

A segunda fase do Festival é representada pelo programa A Década de 90: Entre o Cinema e as Artes Visuais, que será exibido no dia 01 de novembro, as 19h, e retrata um momento de projeção dos artistas nacionais. As obras dessa fase se caracterizam pela hibridização, com a aproximação entre o cinema e as artes visuais, bem como pelos indícios de uma era digital. Fazem parte deste programa: Poesia é Uma ou Duas Linhas e por Trás uma Imensa Paisagem, de João Moreira Salles; Janaúba, de Eder Santos; O Menino, a Favela e as Tampas de Panela, de Cao Hamburger; Tereza, de Kiko Goifman e Caco Souza; e O Beijoqueiro, de Carlos Nader.

Por último, no dia 02 de novembro, também às 19h, será exibido o programa Século XXI: Consolidação de uma Linguagem. Nessa fase, o Festival se firma como uma plataforma internacional de mapeamento e difusão da produção artística de países do Sul geopolítico, abrindo-se paulatinamente a todas as linguagens contemporâneas. Esse período marca ainda a consolidação do vídeo no universo das artes com obras que apresentam aproximações com outras linguagens - como a pintura, a fotografia, a performance -, tanto em seus aspectos formais, quanto conceituais. Serão exibidos trabalhos de artistas brasileiros como Não há Ninguém Aqui # 1, de Wagner Morales; Nanofania, de Cao Guimarães; A MAN. A ROAD. A RIVER, de Marcellvs L; além de Cows, da argentina Gabriela Golder; Red Chewing Gum e Un Cercle Autour du Soleil, dos libaneses Akram Zaatari e Ali Cherri, respectivamente; Vue Panoramique, da marroquina Bouchra Khalili; e Unforgettable Memory, do chinês de Liu Wei. Confiram as sinopses das obras no final do texto.

Videobrasil 30 Anos é a quarta mostra realizada este ano na perspectiva de difundir  e fazer circular obras do Acervo Videobrasil. Antes da China, ela passou pela África do Sul (Johanesburgo e Cidade do Cabo), pelos Estados Unidos (Atlanta) e pela Polônia (Varsóvia).


SERVIÇO:

Videobrasil 30 Anos

31/10, às 19h – Programa 1 (abertura da mostra, com a presença de Solange Farkas)
01/11, às 19h – Programa 2
02/11, às 19h – Programa 3 
Ullens Center for Contemporary Art – UCCA
4 Jiuxianqiao Rd, Chaoyang | Pequim, China


PROGRAMAÇÃO

PROGRAMA 1 | Década de 80: Práticas Experimentais  (1h11’)

26 de Junho | 19h30

Marly Normal | 06’54’’
Fernando Meirelles, Marcelo Machado (Brasil) | Olhar Eletrônico | 1983

A rotina de uma escriturária em São Paulo é mostrada em detalhe. Um aparelho de TV ameniza sua solidão e funciona como uma máquina dos sonhos. O tique-taque do relógio, presente ao longo do vídeo, evidencia o ritmo frenético das grandes cidades.

Reencontro | 7’50’’
Rafael França (Brasil) | 1984

O primeiro trabalho de uma trilogia que investiga a linguagem da narrativa de vídeo. Um homem solitário confronta-se com seu próprio passado traumático e sua mortalidade. Confundindo as convenções de narrativa, o vídeo não tem som sincronizado ou roteiro linear. A linguagem reflete a condição humana pós-moderna e as negociações complicadas entre emoção e modernidade.

Homenagem a George Segal | 3’31”
Lenora de Barros e Walter Silveira (Brasil) | 1985

Performance da artista Lenora de Barros. De frente para a câmera, ela escova os dentes energicamente e a espuma transborda e vai cobrindo seu rosto todo, até tomar a cabeça por completo.

VT Preparado AC/JC | 10’
Walter Silveira, Pedro Vieira (Brasil) | TVDO | 1986

Videoarte experimental inspirada nos trabalhos do poeta Augusto de Campos e do artista multimídia John Cage, com cenas gravadas durante a XVIII Bienal de Arte de São Paulo. Com participações de Waly Salomão, Décio Pignatari e Haroldo de Campos.

Heróis da Decadên(s)ia | 35’27’’
Tadeu Jungle, Walter Silveira (Brasil) | TVDO | 1987

Vídeo experimental com participação dos poetas Waly Salomão, Roberto Piva e Walter Silveira, e depoimento de Dom Paulo Evaristo Arns. Cenas com o cantor Supla e os atores Marcelo Mansfield e Giovanna Gold. Trechos de áudio do famoso discurso de Caetano Veloso na final paulistana do Festival Internacional da Canção, em 1968.

Juliette | 03’55’’
Sandra Kogut (Brasil) | ANTEVÊ | 1988

Videoclipe da música “Juliette”, do compositor Fausto Fawcett, com participação da cantora Fernanda Abreu, com imagens da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e colagem de animações.

Mentiras e Humilhações | 4’
Eder Santos (Brasil) | 1988

Videoarte inspirada no poema “Liquidação”, de Carlos Drummond de Andrade. Uma senhora recita o poema, enquanto a câmera passeia pelos cômodos mostrando mobília, quadros, detalhes de uma casa inabitada.

PROGRAMA 2 | Década de 90: Entre o Cinema e as Artes Visuais (1h17’)

27 de junho | 18h

Poesia é Uma ou Duas linhas e por Trás uma Imensa Paisagem | 9’28’’
João Moreira Salles (Brasil) | 1990

Homenagem à poeta carioca Ana Cristina Cesar, com citações de Charles Baudelaire, Sylvia Plath, Czeslaw Milosz, T. S. Eliot, Armando Freitas Filho, Cacaso, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, e música de Billie Holiday.

Janaúba | 17’45”
Eder Santos (Brasil) | 1993

A recriação de cena do filme “Limite”, de Mário Peixoto, em que um barco passa vagarosamente por um rio com um casal a bordo, dá início à narrativa poética sobre a vida no interior do Brasil. Janaúba é o nome de uma cidade mineira na divisa com a Bahia.

O Menino, a Favela e as Tampas de Panela | 5’
Cao Hamburger (Brasil) | 1995

A fuga de um menino que rouba tampas de panela de sua casa e de uma vizinha conduz uma incursão pelas vielas, escadas e becos da favela de Paraisópolis, em São Paulo. Episódio brasileiro da série “Abra a porta”.

Tereza | 16’
Kiko Goifman, Caco Souza (Brasil) | 1992

Tereza, palavra com múltiplos sentidos na vida das prisões, é o termo que conduz o documentário sobre presidiários e suas histórias. Com textos de Jean Genet, Percival de Souza e S. Paezzo, além depoimentos dos presos, foi feito na Penitenciária 1 e no 5º  Distrito de Polícia de Campinas.

O Beijoqueiro | 29’15’’
Carlos Nader (Brasil)  | 1992

O 'serial kisser', que beijou mais de 100 mil pessoas, entre elas Frank Sinatra, João Paulo II e Pelé, é visto como herdeiro inconsciente da tradição antropofágica brasileira. Na impossibilidade de comer as pessoas que admira, ele as beija.

PROGRAMA 3 | SÉCULO XXI: CONSOLIDAÇÃO  DE UMA LINGUAGEM (1h13’)

28 DE JUNHO | 18H

Não Há Ninguém Aqui # 1 | 04’09’’
Wagner Morales (Brasil) | 2000

Um personagem masculino fictício publica um anúncio nos classificados sentimentais do jornal Folha de S.Paulo. As respostas foram gravadas numa secretária eletrônica e serviram como roteiro para o vídeo. Imagens de mulheres flagradas ao acaso remetem-nos tanto às câmeras de vigilância espalhadas pela cidade, como a uma procura amorosa.

Cows | 4’10”
Gabriela Golder (Argentina) | 2002

Rosario, Argentina, 25 de março de 2002. Cerca de 400 pessoas abatem vacas que, minutos antes, haviam se espalhado pelo asfalto quando o caminhão em que eram transportadas tombou.

Red Chewing Gum | 10’47’’
Akram Zaatari (Líbano) | 2000

Em forma de carta, o vídeo reflete sobre o consumo e a produção de imagens, mas também sobre o fim de um relacionamento entre dois homens. A história de separação é situada no contexto da paisagem urbana em mutação de Hamra, bairro libanês que um dia foi um efervescente centro comercial.

Nanofania | 3’27”
Cao Guimarães (Brasil) | 2003

Bolhas de sabão que explodem. Moscas que saltam. O pulsar de microfenômenos cadenciados por uma pianola de brinquedo.

A MAN. A ROAD. A RIVER | 09’54’’
Marcellvs L.  (Brasil) | 2004

A cheia de um rio, que toma parte de uma estrada e interrompe o fluxo normal de pessoas e automóveis, dá motivo a esse poema visual. Um retrato do cruzamento de vias e vidas e da força da natureza sobre a artificialidade.

Un Cercle Autour du Soleil  (Líbano) | 15’33’’
Ali Cherri (Líbano)| 2005

Enquanto a câmera revela lentamente ruínas de Beirute, a voz do autor descreve a presença íntima da guerra civil libanesa em sua infância e fala da descoberta da subjetividade nas noites de bombardeio.

Vue Panoramique | 14’48”
Bouchra Khalili | 2005

A obra descreve uma trajetória circular entre dois litorais. O espectador vê as chegadas e partidas de um barco, o balanço lânguido de embarcações ancoradas, a atividade dos passageiros e a espera. Ao mesmo tempo, uma voz feminina descreve um passeio por uma vila cercada pelo mar.

Unforgettable Memory | 10’15”
Liu Wei (China)| 2009

O artista tenta resgatar a memória de 1989, quando os chineses foram às ruas para protestar contra o governo de Deng Xiaoping. Ao sair pelas ruas de Pequim em busca de testemunhos, leva uma câmera e uma foto dos protestos, durante os quais ele mesmo quase morreu. Em linguagem direta, a obra questiona o poder da memória ante à indiferença.

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