• Patrícia Moran - Clandestinos (2001) | vídeo, 11'34"
 

    Patrícia Moran - Clandestinos (2001) | vídeo, 11'34"
     

Acervo Histórico do Videobrasil no Cambridge

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postado em 14/09/2016
No dia 23/SET, serão projetadas obras do Acervo Histórico Videobrasil selecionadas pela dupla de artistas residentes Jaime Lauriano e Raphael Escobar

Acervo Videobrasil no Cambridge é uma parceria da Associação Cultural Videobrasil com a Residência Artística Cambridge, e consiste na realização de um mapeamento na Plataforma:VB – ferramenta educativa e de pesquisa do Videobrasil – pelos artistas residentes do projeto, a partir da pesquisa que estão desenvolvendo na residência. Do mapeamento, que será publicado na Plataforma:VB, foram selecionadas algumas das obras do Acervo Videobrasil para serem exibidas na Ocupação Hotel Cambridge.

No programa do dia 23 de setembro, às 19h30, serão projetadas obras do Acervo Histórico Videobrasil selecionadas pela dupla de artistas residentes Jaime Lauriano e Raphael Escobar. O mapeamento conta com trabalhos dos artistas Clara Ianni, Chulayarnnon Siriphol, Patrícia Moran, Regina Aguilar e Regina Parra. Após a exibição, haverá uma conversa entre os residentes e o público presente. Nesse diálogo, os artistas apresentarão ao público seu mapeamento, que poderá ser acessados a partir desta data no endereço plataforma.videobrasil.org.br/#mapeamentos
 

Jaime Lauriano (São Paulo, 1985)
É artista visual. Com trabalhos marcados por um exercício de síntese entre o conteúdo de suas pesquisas e estratégias de formalização, convoca-nos a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História. Por meio de peças audiovisuais, objetos e textos críticos, o artista evidencia como as violentas relações mantidas entre instituições de poder, controle do Estado e cidadãos moldam os processos de subjetivação da sociedade. Assim, sua produção busca trazer à superfície traumas históricos relegados ao passado, aos arquivos confinados, em uma proposta de revisão e reelaboração coletiva da História.
Graduou-se em artes no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, em 2010. Suas obras estão presentes nas coleções públicas da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e do MAR - Museu de Arte do Rio. Entre suas exposições destacam-se as individuais Nessa terra, em se plantando, tudo dá, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Autorretrato em Branco sobre Preto, na Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2015); Impedimento, no Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2014); Em Exposição, no Sesc, São Paulo, Brasil (2013); e as coletivas Totemonumento, na Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2016); 10th Bamako Encouters, no Museu Nacional de Bamako, Mali (2015); Empresa Colonial, na Caixa Cultural, São Paulo, Brasil (2015); Frente à Euforia, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil (2015). Vive e trabalha em São Paulo.


Raphael Escobar (São Paulo, 1987)
É artista formado em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós-graduando em "Estudos Brasileiros: Sociedade, Educação e Cultura" pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Desde 2009 atua com educação não formal em contextos de vulnerabilidade social ou de disputas políticas, como na Fundação CASA, na Cracolândia e em albergues, trabalho que serve como pesquisa e forma de ativação de várias de suas obras. Já participou de exposições como Totemonumento, na Galeria Leme, São Paulo (2016); da X Bienal de Arquitetura de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo (2013); A Alma é o Segredo do Negócio, na Funarte, São Paulo (2013); Múltiplos 397, no Ateliê397, São Paulo (2012). Participou de residências artísticas como Muros: Territórios Compartilhados, Salvador (2013); e Obras em construção, na Casa das Caldeiras, São Paulo (2011). Vive e trabalha em São Paulo.

Residência Artística Cambridge

Projeto voltado ao desenvolvimento de propostas artísticas e culturais na Ocupação Hotel Cambridge, situada na região central da cidade de São Paulo, entre março de 2016 e janeiro de 2017.

Trata-se de um programa de residências com ênfase em práticas colaborativas, desenvolvidas em diálogo com a comunidade local e com parceiros, cuja pesquisa se relaciona com assuntos ligados ao cotidiano da ocupação, sua história e seus modos de inscrição e atuação nas dinâmicas da cidade.

O projeto surge da parceria entre os curadores Juliana Caffé e Yudi Rafael com o intuito de articular pesquisas e atividades no contexto da ocupação. Para tanto, a dupla curatorial convidou quatro artistas e um escritor para realizar quatro residências de três meses cada: Ícaro Lira, Jaime Lauriano e Raphael Escobar, Virgínia de Medeiros e Julián Fuks. A partir da residência do artista Ícaro Lira, também passou a integrar o projeto como curador convidado o antropólogo Alex Flynn.

Durante o período de trabalho de cada residente o programa prevê a realização de uma série de atividades públicas nas áreas comuns do edifício, além de um projeto editorial desenvolvido junto com a curadoria e interlocutores convidados, a ser lançado e distribuído gratuitamente no local. 

Obras selecionadas

As pérolas, como te escrevi
2011, videoinstalação
Regina Parra

A obra, comissionada pela Associação Cultural Videobrasil, foi realizada durante residência na Casa Tomada, em São Paulo, entre abril e julho de 2011. Imigrantes ilegais que vivem em São Paulo, provenientes da Bolívia, Peru, Colômbia, Argentina, Congo e Guiné, são convidados a ler trechos da carta Mundus Novus, de Américo Vespúcio. Escrito entre 1503 e 1504, esse relato é tido como o discurso inaugural sobre o Novo Mundo, diante de uma Europa que ainda não o conhece. Do peculiar sotaque e entonação de cada imigrante, nasce uma polifonia que questiona a condição do estrangeiro e discute o significado de viver entre duas fronteiras, assim como as contradições, as relações de poder e a violência cultural que uma língua estranha é capaz de impor.

Regina Parra
É artista. Trabalha com fotografia, pintura, vídeo e instalação, abordando questões pertinentes às hierarquias de poder e ao deslocamento entre limites culturais. É mestre em Teoria e Crítica de arte pela Faculdade Santa Marcelina (FASM) e graduada em artes plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).  Já fez exposições individuais em Recife, na Fundação Joaquim Nabuco, e em São Paulo, no Paço das Artes e na Galeria Leme. Também participou de coletivas como This Is Not a Gateway, Hanbury Hall, Londres, Inglaterra (2010); Paralela, Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo (2010); e 2000 e Oito, SESC Pinheiros, São Paulo (2008). Em 2012 foi contemplada com o Prêmio de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco e indicada ao Prêmio de Artistas Emergentes da Fundação Cisneros. Recebeu o Prêmio Destaque da Bolsa Iberê Camargo (2009). Vive e trabalha em São Paulo.

Centroamerica Now
2004, vídeo, 6'
Regina Aguilar

Corpos mutilados, trechos de noticiário, depoimentos curtos e fragmentos de discursos políticos se misturam em um vídeo que protesta contra o assassinato de mais de dois mil jovens nos últimos anos em Honduras.

Regina Aguilar
É artista com formação em escultura. Viveu muitos anos nos Estados Unidos, mas retornou a seu país natal em 1994, onde desenvolve sua produção individual e se dedica a empreendimentos culturais focados no desenvolvimento humano e no esforço para melhorar as condições de vida da população hondurenha. Com essa meta, criou a Fundação San Juancito, no vilarejo mineiro de mesmo nome, voltado para a qualificação cultural, artística e profissional de jovens e crianças. A ideia surgiu após a passagem do furacão Mitch, considerado o pior em duzentos anos na região da América Central, que destruiu cerca de sessenta casas da pequena vila. Nesse momento, Aguilar decide receber as crianças em sua residência e ateliê para uma série de atividades culturais, buscando afastar delas o horror da catástrofe. Posteriormente inaugurou a loja In Vitro, em Tegucigalpa, que comercializa os produtos da fundação, proporcionando-a autossustentabilidade. Passados quase vinte anos, a Fundação também já formou diversos jovens artistas que, agora, possuem a própria carreira e o próprio ateliê. Vive e trabalha em Tegucigalpa, Honduras.

Clandestinos
2001, vídeo, 11'34"
Patrícia Moran

No final da década de 60, os jovens brasileiros que lutaram por igualdade social tiveram seus direitos de liberdade negados. Clandestinos é um documentário sobre sonhos, ideais, erros e medos de um período histórico. Será que eles acabaram?

Patrícia Moran
Desponta como videomaker nos anos 80, junto a uma geração de jovens realizadores de Belo Horizonte, destacando-se pelo estilo anárquico, pela inventividade e pela preocupação social. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é docente do Curso Superior do Audiovisual na Escola de Comunicações e Artes e do Curso de Design na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Teve muitos trabalhos premiados, como Ócio (1989), que conquistou Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Ator para Paulo Moska e André Barros no Rio Cine Festival; Maldito Popular Brasileiro: Arnaldo Baptista (1990), vencedor da Concorrência Fiat 1990; Adeus, América (1996), contemplado com 3º lugar no 11º Videobrasil; Perdemos de 1 a 1 (2001), eleito Melhor Filme Mineiro pelo público no 3º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte e Menção Honrosa na Jornada de Cinema da Bahia; Clandestinos (2002), premiado nos festivais internacionais de Bilbao e Caracas, e em festivais nacionais; e o longa Ponto Org (2010), que conquistou Melhor Trilha Sonora no Festival de Cinema de Gramado. Vive e trabalha em São Paulo.

Forma Livre
2013, vídeo, 7'14"
Clara Ianni

Forma Livre mostra croquis de Brasília e áudios de entrevistas em que os arquitetos Oscar Niemeyer e Lucio Costa são interpelados sobre o massacre de trabalhadores candangos durante a construção da capital. Interessada nas discrepâncias entre discurso e prática, projeto e realidade, monumento e ruína, a artista revela duas figuras míticas que se recusam a admitir a tragédia.

Clara Ianni
É artista visual, bacharel em artes visuais pela Universidade de São Paulo (2010) e mestre em Visual and Media Anthropology pela Freie Universität de Berlim, Alemanha (2013). Em seu trabalho, investiga as relações entre arte, política e ideologia, e suas implicações históricas, com frequentes reflexões sobre as contradições do processo de modernização brasileiro. Transitando entre vídeo, instalação, objeto e site-specific, questiona os discursos históricos hegemônicos, explorando suas zonas de invisibilidade. Participou de exposições como a 31ª Bienal de São Paulo (2014), do 33º Panorama da Arte Brasileira, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013), do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (2012), da 12ª Bienal de Istambul, Turquia (2011), entre outras. Trabalhou como assistente de curadoria da 7ª Bienal de Berlim, Alemanha (2012), curada por Artur Zmijewski e Joanna Warsza, e de Régis Michel no Musée du Louvre (2008 e 2009). Vive e trabalha em São Paulo.

Myth of Modernity
2014, vídeo, 16'
Chulayarnnon Siriphol

Situado entre o documentário e a ficção, o filme começa investigando o impacto do modernismo na cultura tailandesa, em especial em sua arquitetura, e transforma-se em uma ficção científica em que a população do país é hipnotizada por uma figura piramidal de luz. Siriphol promove uma análise das estruturas de poder que se perpetuam ao longo da história, por meio, inclusive, de uma arquitetura do poder, seja de ordem divina ou terrena.

Chulayarnnon Siriphol
É artista visual, bacharel em artes com especialização em filme e vídeo pelo King Mongkut Institute of Technology Ladkrabang, Bangcoc, Tailândia (2008). Atua entre filme, documentário e vídeo experimental. Seu trabalho é inspirado por memórias pessoais e por eventos da crise política tailandesa. Em suas experimentações visuais, recorrendo à sobreposição de imagens e textos em estilo de karaokê, questiona elementos da cultura da Tailândia, como os usos políticos do budismo, unindo sátira e uma reflexão sobre a transitoriedade. Seus vídeos foram exibidos em festivais e exposições como a 5th Fukuoka Asian Art Triennale, Japão (2014); Gwangju Museum of Art, Coreia do Sul (2014); Moscow International Biennale for Young Art, Rússia (2014); Sharjah Biennial 11, Emirados Árabes Unidos (2013); Instituto Inhotim, Belo Horizonte, Brasil (2013); International Short Film Festival, Hamburgo, Alemanha (2010); International Film Festival, Hannover, Alemanha (2009); International Film Festival, Rotterdam, Holanda (2005 e 2007). Vive e trabalha em Bangcoc.