Salvador: na reta final da Itinerância
Situado no Solar do Unhão, local icônico em Salvador, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA, foto) é considerado o principal espaço para a arte contemporânea do estado, com um público aproximado de 200 mil pessoas por ano. Além disso, conta com um programa regular dedicado à videoarte. Trata-se de uma parada fundamental para selar o compromisso da Itinerância Videobrasil, de ampliar ao máximo o público da arte contemporânea produzida no Sul geopolítico do planeta.
A localização privilegiada do museu, aliás, cria um interessante diálogo com Exploring, obra de Moran Shavitt que utiliza imagens de cartões-portais e cartas trocadas entre a artista e seu pai para criar um mapeamento afetivo – aspecto do trabalho que o relaciona com Jan Villa, trabalho em que a indiana Natasha Mendonca enfoca o impacto de um evento natural em um bairro de sua cidade.
A paisagem ao redor do local da mostra também remete a BRAVO-RADIO-ATLAS-VIRUS-OPERA, videoinstalação em que Carla Zaccagnini utiliza imagens de uma travessia transoceânica. O ângulo e enquadramento da cena, no entanto não é nada convencional, assim como o métudo de captação das imagens que compõem Em um lugar qualquer – Outeiro, de Dirceu Maués. De certa forma, Maués subverte o olhar cinematográfico – proposta que também operam, de maneiras profundamente distintas, o vídeo de Claudia Joskowicz Round and Round and Consumed by Fire e Akram Zaatari em Tomorrow Everything Will Be Alright. Como Gabriel Mascaro em As aventuras de Paulo Bruscky, Zaatari opera revertendo expectativas relacionadas às possibilidades dos mundos virtuais contemporâneos.
Já na instalação Tapetes, Adriano Costa cria uma provocação formal que questiona o próprio estatuto da arte. Todas as obras, porém, de alguma forma comportam questões culturais ou políticas – como faz, a partir do apagamento do Massacre da Praça da Paz Celestial da memória dos chineses, Unforgettable Memory, de Liu Wei.
Essa diversidade de enfoques e procedimentos compõe um panorama que revela trajetos através dos quais a arte contemporânea do Sul geopolítico se insere na cena mundial – o que se vê é uma produção em vigoroso diálogo com os temas e problemas estéticos e sociais colocados pela contemporaneidade, trabalhos em que dimensões aparentemente opostas – como íntima versus coletiva, histórica versus artística –, são postas criativamente em embate.
+ Conheça detalhes sobre as obras participantes no site da Itinerância.
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