Colômbia homenageia Videobrasil
A convite do Festival de la Imagen, realizado em Manizales, Colômbia, o Videobrasil terá seus trinta anos celebrados na 12ª edição do evento – um dos maiores na América do Sul dedicados à produção experimental em meios eletrônicos. Vinculado aos cursos de mestrado e doutorado da Universidade de Caldas, o festival inclui exposições, oficinas, seminários de pesquisa, conferências internacionais, concertos e programas de residência. Esta edição acontece de 15 a 19 de abril. A participação do Videobrasil acontece em três momentos: uma exposição, uma mesa no simpósio internacional e uma exibição de documentários da Videobrasil Coleção de Autores. Além disso, a municipalidade de Manizales faz um reconhecimento oficial ao Videobrasil pela dedicação de 30 anos ao fomento da videoarte e à difusão de novos circuitos de produção artística.
A mostra competitiva Panoramas do Sul (que conta com outro segmento em cartaz no MAM-BA), um dos projetos centrais do Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, terá exibidos três trabalhos destacados de sua mais recente edição. Em comum, os trabalhos têm a capacidade de diluir fronteiras entre gêneros e universos: Eder Santos, nome fundamental na videoarte brasileira, reinventa o estatuto do acontecimento em Pilgrimage, obra que analisa a relação entre natureza e cultura e desloca a relação espectador-obra‑indústria. Milton Machado, outra referência na produção em diversos meios, do desenho ao vídeo – como no trabalho apresentado aqui, Vermelho, feito em parceria com o videasta Cacá Vicalvi –, entrecruza âmbitos teoricamente estanques, como industrial e artístico, arquitetônico e pictórico, familiar e político. Já Sebastian Diaz Morales é um artista argentino em ascensão, com uma reconhecida produção que inclui trabalhos que desconstroem os limites entre o documental e a ficção, a exemplo de Oracle.
Já uma fala de Solange Farkas integra o seminário internacional promovido pelo Festival de la Imagen. À frente do Videobrasil por três décadas, a curadora acompanhou de perto o processo de incorporação e legitimação do vídeo nas artes brasileiras: quando a videoarte apenas surgia na cena local, criou o primeiro festival voltado à linguagem e facilitou sua consolidação. Mais tarde, ele se abriu à arte eletrônica e, depois, incluiu também a performance e práticas mistas. Em sua participação neste simpósio, Solange Farkas irá traçar um paralelo entre a evolução da videoarte brasileira e a trajetória do Videobrasil. Sua participação abordará questões históricas, formais e temáticas que permeiam essa história, com menções a eventos importantes, tais como obras que dialogavam criticamente com o contexto de ditadura militar no Brasil, o advento do movimento Cinema Novo e a crescente presença do vídeo na principal bienal de arte do país. Transformações que o Videobrasil acompanhou, a exemplo da absorção do vídeo pelo contexto mais amplo das manifestações artísticas atuais, refletido na abertura do Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil à totalidade de linguagens e formatos existentes.
A exibição de documentários da série Videobrasil Coleção de Autores completa a participação. O pensamento e o processo de trabalho de artistas contemporâneos de relevo na cena internacional estão no centro dos documentários da série, iniciada em 2000. A cada edição, um novo diretor é convidado a debruçar-se, sob uma abordagem autoral, sobre a obra de um artista ou coletivo. São obras que analisam e comentam a produção de artistas fundamentais para a arte contemporânea brasileira e mundial, como o sul-africano William Kentridge, o libanês Akram Zaatari, a cubana Coco Fusco e os brasileiros Rafael França, Chelpa Ferro e Mau Wal (Maurício Dias e Walter Riedweg).
Visite o site do Festival de la Imagen.
Conheça também detalhes sobre as obras participantes no site da Itinerância.