Arqueologia dos restos

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postado em 23/03/2017
Documentários, conversas e uma visita guiada integram os programas públicos da exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno

A exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, em cartaz de 6 de abril a 17 de junho no Galpão VB, conta com uma série de atividades que busca expandir os questionamentos propostos pela curadoria.

Documentários produzidos por Thomaz Farkas, uma visita guiada pela exposição e pelo bairro da Vila Leopoldina ao lado do artista Rodrigo Bueno e uma conversa com o arquiteto e urbanista Paulo Tavares compõem os três programas públicos, encontros gratuitos mediados por Solange Farkas e Gabriel Bogossian, curadores da exposição.

No primeiro deles, dia 29 de abril, sábado, às 17h, os curadores apresentarão um recorte da produção da Caravana Farkas, vasto conjunto de documentários produzidos de 1964 a 1980 e que buscaram registrar aspectos desconhecidos de comunidades e hábitos populares do Brasil.

No dia 20 de maio, sábado, às 15h, o artista Rodrigo Bueno irá participar de uma visita guiada à exposição e, em seguida, ao bairro da Vila Leopoldina, onde está localizado o Galpão VB. O site specific Emboaçava (lugar de passagem), de Bueno, é a única obra desenvolvida especialmente para a exposição e evoca o conflituoso passado da Vila Leopoldina, lugar de um dos primeiros fortes de São Paulo, erguido pelos colonizadores contra os constantes ataques indígenas.

No último encontro, dia 10 de junho, sábado, às 15h, o arquiteto e pesquisador brasileiro Paulo Tavares irá relatar suas recentes investigações sobre patrimônio cultural e direitos de povos e comunidades tradicionais no Brasil e no Equador.

Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno é uma parceria entre a Associação Cultural Videobrasil e a SP-Arte. A mostra faz parte do projeto SP-Arte no Galpão VB e integra a programação do festival, que acontece entre 6 e 9 de abril no Pavilhão da Bienal.

A exposição traz uma espécie de etnografia de vítimas do desenvolvimento econômico, com obras de Caetano Dias, Claudia Andujar, Gisela Motta e Leandro Lima, Miguel Rio Branco, Rodrigo Braga, Rodrigo Bueno, Runo Lagomarsino e Virginia de Medeiros. O título é tomado de empréstimo da obra de Miguel Rio Branco.

Saiba mais sobre cada uma das atividades dos programas públicos:

1. Caravana Farkas

Com Solange Farkas e Gabriel Bogossian

Data: 29 de abril, sábado, às 17h

Entre 1964 e 1980, o fotógrafo e empresário Thomaz Farkas produziu, em parceria com diferentes diretores brasileiros, um conjunto de mais de trinta documentários que ficou posteriormente conhecido como Caravana Farkas. Nessas obras, há tanto uma busca por revelar aspectos desconhecidos do presente quanto o desejo de registrar e documentar práticas culturais que estariam ameaçadas pelas transformações nos modos de vida de comunidades tradicionais no interior do país. Neste dia, será apresentado um recorte dessa produção, seguido de debate com o público.

Entrada gratuita

Solange Farkas

Solange Farkas é curadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil. Em 1983, criou o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, evento de que é também curadora-geral e que se tornou referência para a produção artística do Sul Global. Foi responsável por trazer ao Brasil exposições como as de Sophie Calle (Cuide de Você, 2009), Joseph Beuys (A Revolução Somos Nós, 2010) e Isaac Julian (Geopoéticas, 2012), do qual também foi curadora. Como curadora convidada, participou da 10ª Bienal de Sharjah (Emirados Árabes Unidos, 2011), da 16ª Bienal de Cerveira (Portugal, 2011), da 5ª Videozone: International Video Art Biennial (Israel, 2010) e do 6º Jakarta International Video Festival (Indonésia, 2013), entre outros. Ao lado de Gabriel Bogossian, foi curadora da exposição de Akram Zaatari, Amanhã vai ficar tudo bem (Galpão VB, São Paulo, 2016).

Gabriel Bogossian

Editor, gestor e curador, Gabriel Bogossian é curador assistente do Galpão VB. Foi curador das exposições Resistir, reexistir (Galpão VB, São Paulo, 2017); Território, povoação (Blau Projects, São Paulo, 2016), com Juliana Gontijo; e Cruzeiro do Sul (Paço das Artes, São Paulo, 2015), entre outras. Colaborou como editor e tradutor com as editoras Rocco, Hedra e Editora Universitária da UFPE.

2. Ativação de Emboaçava (lugar de passagem), de Rodrigo Bueno

Com Rodrigo Bueno. Mediação de Gabriel Bogossian

Data: 20 de maio, sábado, às 15h

Única obra desenvolvida especialmente para Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, o site specific Emboaçava (lugar de passagem), de Rodrigo Bueno, evoca o rico passado da Vila Leopoldina, onde está localizado o Galpão VB. Na região foi construído um dos primeiros fortes da cidade, o Trunqueira do Emboaçava, para conter os constantes ataques de índios à então Vila de Piratininga. Nessa ativação, o artista e o curador Gabriel Bogossian irão realizar uma visita guiada que começa em um trajeto pela exposição, explorando as relações entre as obras, e parte depois para um passeio a pé por lugares-chave da história do bairro, retornando ao Galpão para o encerramento da visita.

Entrada gratuita

Rodrigo Bueno

Trabalhando em instalações e objetos a partir de materiais como ferro, madeira e outros elementos orgânicos, Bueno reflete sobre a memória urbana através dos resíduos da cidade. Sua prática inclui a realização de oficinas e atividades colaborativas, além da coordenação do Ateliê Mata Adentro. Realizou as exposições individuais A Ferro e Fogo, na Galeria Marília Razuk, em São Paulo (2016); e o projeto solo na ArtBo, em Bogotá (2016); também participou das coletivas Transparência e Reflexo, no Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo (2016), Cruzeiro do Sul, no Paço das Artes, São Paulo (2015), entre outras. Vive e trabalha em São Paulo.

3. Conversa com Paulo Tavares

Com Paulo Tavares. Mediação de Gabriel Bogossian

Data: 10 de junho, sábado, às 15h

Doutor pelo Goldsmith College e colaborador do Forensic Architecture, o arquiteto e pesquisador brasileiro Paulo Tavares vem desenvolvendo nos últimos anos uma investigação que aproxima arqueologia, urbanismo e antropologia para refletir sobre as articulações possíveis entre patrimônio cultural e direitos de povos e comunidades tradicionais. No último dos programas públicos de Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, Tavares irá relatar suas recentes experiências no Equador e no Brasil em uma conversa com o público mediada pelo curador Gabriel Bogossian.

Entrada gratuita

Paulo Tavares

Arquiteto e urbanista. Seus projetos, textos e apresentações foram publicados e exibidos em diferentes contextos, mais recentemente na Bienal de Design de Istanbul (2016) e na Bienal de Sharjah (2017). Atualmente é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, e antes lecionou no Centro de Pesquisa em Arquitetura – Goldsmiths, na Universidade de Cornell, e na Pontifícia Universidade Católica do Equador. Em 2017, Tavares criou a agência Autonoma, uma plataforma dedicada a explorar novas formas de pensar e produzir o território.

SERVIÇO
O QUE: Programas Públicos | Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno
QUANDO: 29 de abril, sábado, às 17h | Caravana Farkas - com Solange Farkas e Gabriel Bogossian. 20 de maio, sábado, às 15h | Ativação de Emboaçava (lugar de passagem), de Rodrigo Bueno - com Rodrigo Bueno e mediação de Gabriel Bogossian. 10 de junho, sábado, às 15h | Conversa com Paulo Tavares - com Paulo Tavares e mediação de Gabriel Bogossian
ONDE: Galpão VB | Associação Cultural Videobrasil (Av. Imperatriz Leopoldina, 1150, São Paulo, SP)
Entrada gratuita