A criação artística coletiva, as aberturas para receber novas colaborações, assim como o incentivo a jovens realizadores, caracterizam o trabalho do feitoamãos/F.A.Q., grupo de artistas vindos de diversas áreas que têm como ponto comum, em suas trajetórias, as relações com a imagem, o design, a música e a investigação e, sobretudo, a inquietude de buscar, na experimentação, a base da criação artística.
O primeiro trabalho foi o vídeo 5 (1999), uma criação coletiva sobre os cinco sentidos que reuniu os realizadores Francisco de Paula, André Amparo, Rodrigo Minelli, Marcelo Braga, Claudio Santos, Marília Rocha. Os cinco sentidos foram sorteados entre os realizadores e todos os vídeos teriam no máximo dois minutos, estas eram as únicas limitações previstas. Este trabalho teve ótima repercussão, com premiações em diversos festivais e mostras no Brasil e no mundo (Grande Prêmio Cinema Brasil-Ano II, do Ministério da Cultura, na categoria Melhor Vídeo; Festival Internacional de Vídeo de Lisboa, Portugal, 2000, entre outros). Nesta produção, os vídeos se misturam e são produzidos de forma quase orgânica, sem divisões ou sinalizações mais explícitas. A partir desta primeira produção coletiva, e de várias outras iniciativas, surge o projeto 'feitoamãos', que posteriormente levaria seus realizadores a criarem o 'F.A.Q.', grupo voltado especificamente para a investigação e realização de manipulação de imagens e música ao vivo, reunindo André Amparo, André Melo, Claudio Santos, Lucas Bambozzi, Marcelo Braga, Rodrigo Minelli, Ronaldo Gino e Vítor Garcia, como o núcleo multimídia fixo e que, na maioria das vezes, convida e incorpora outros artistas em suas apresentações.
O feitoamãos ainda produziu o trabalho de web arte 7 maravilhas (2000) e o vídeo Os 4 pontos cardeais (2001), reunindo jovens realizadores. Já em Matéria dos sonhos, o grupo lançou o prêmio Emilio Belleti (figura central no apoio e fomento à produção de vídeo em Belo Horizonte, assassinado em 1998) para apoiar jovens realizadores na produção de vídeos. O resultado é um sensível e delicado vídeo que associa os quatro elementos (fogo, água, terra, ar) a sentimentos que fazem parte do cotidiano.
Além das produções coletivas em single channel, muitas vezes voltadas ao fomento à realização de vídeos, o grupo se voltou também para as manipulações ao vivo de imagens que geraram o grupo F.A.Q. As apresentações ocorrem tanto em teatros como em auditórios, no circuito das galerias de arte, festivais e também em espaços ligados a música eletrônica, característica que coloca o grupo em sintonia com as poéticas contemporâneas híbridas que se estabelecem no limite entre os circuitos artísticos mais estabelecidos e reconhecidos e aqueles mais voltados para a diversão e o entretenimento. São performances viscerais, que reúnem narrativas em vídeo e música, sempre em torno da exploração dos mais diversos conceitos como a política, a violência (seja ela manifestada de qualquer forma) e questões ligadas ao cotidiano e ao espaço urbano, a presença, os jogos, entre outros. Experimentar as apresentações do F.A.Q. é entregar-se à polissemia das imagens e à diversidade dos sons em ambientes que, de alguma forma, promovem uma imersão dos sentidos em espaços imagéticos. A primeira apresentação foi Dziga Vertov reenquadrado (2001) na abertura do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, recriando O homem e sua câmera, clássico de Vertov.
Daí em diante várias outras apresentações, em diversos espaços e contextos, consolidaram o trabalho do F.A.Q. no cenário nacional e internacional, e que, com grande prazer, mostraremos nesta edição do FF>>Dossier. Bem-vindos ao universo de imagens e sons do F.A.Q., uma proposta de trabalho coletivo que busca novas possibilidades de criação, apresentação e participação.
Saiba mais sobre este artista no acervo