• Les Feuilles d’un temps (2010) de Bakary Diallo
    Les Feuilles d’un temps (2010) de Bakary Diallo

  • Crazy of You (1997) de Akram Zaatari
    Crazy of You (1997) de Akram Zaatari

  • The Apocalyptic Man (2002) de Sebastian Diaz Morales
    The Apocalyptic Man (2002) de Sebastian Diaz Morales

  • A Pessoa é para o que nasce (1998) de Roberto Berliner
    A Pessoa é para o que nasce (1998) de Roberto Berliner

  • Sergio e Simone (2010) de Virginia de Medeiros
    Sergio e Simone (2010) de Virginia de Medeiros

  • Doméstica (2012) de Gabriel Mascaro
    Doméstica (2012) de Gabriel Mascaro

  • Bosphorus: A Trilogy (2012) de Bita Razavi
    Bosphorus: A Trilogy (2012) de Bita Razavi

  • H2 (2010) de Nurit Sharett
    H2 (2010) de Nurit Sharett

  • Brisas (2008) de Enrique Ramírez
    Brisas (2008) de Enrique Ramírez

  • O Espírito da TV (1990) de Vincent Carelli
    O Espírito da TV (1990) de Vincent Carelli

  • Cows (2002) de Gabriela Golder
    Cows (2002) de Gabriela Golder

Quando o Cruzeiro do Sul fala

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postado em 24/08/2015
Obras do Acervo Videobrasil são exibidas na Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Gotemburgo. O programa de filmes resgata as narrativas históricas silenciadas, aprofundando as questões da Bienal

Nos dias 11 e 18 de outubro, obras do Acervo Videobrasil são apresentadas na Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Gotemburgo (GIBCA), na Suécia, que acontece de 12 de setembro a 22 de novembro. Com curadoria de Solange Farkas e Diego Matos, respectivamente diretora e coordenador de arquivo, pesquisa e acervo do Videobrasil, o programa de filmes Quando o Cruzeiro do Sul fala reúne onze trabalhos que resgatam a história sob a perspectiva do lugar de fala do artista. No dia 18, um painel de discussão sobre a arte em vídeo sucede a exibição, com a presença de Diego Matos,  Elvira Dyangani Ose, curadora desta edição da Bienal, e Lena Essling, curadora do Moderna Museet, na Suécia.

O programa de filmes foi concebido a convite de Elvira Dyangani Ose, editora do mais recente Caderno Sesc_Videobrasil (Caderno Sesc_Videobrasil 10: Usos da memória, dedicado a problematizar as representações históricas hegemônicas). A constelação que inspira o título da mostra é facilmente visualizada e reverenciada nos países do Hemisfério Sul, mas irrelevante à cultura europeia. Quando o Cruzeiro do Sul fala reúne a produção audiovisual da América Latina, da África e do mundo árabe, lugares marginalizados e invisíveis à hegemonia ocidental e que divergem dessa normativa, embora tenham, entre si, tantas condições locais comuns quanto diversas. Participam da exibição, composta por dois programas, obras de Akram Zaatari (Líbano), Bakary Diallo (Mali), Bita Razavi (Irã), Enrique Ramírez (Chile), Gabriel Mascaro (Brasil), Gabriela Golder (Argentina), Nurit Sharett (Israel), Roberto Berliner (Brasil), Sebastian Diaz Morales (Argentina), Vincent Carelli (França/Brasil) e Virginia de Medeiros (Brasil).

Em 1969, o artista brasileiro Cildo Meireles lançava um texto que “fabulava a possibilidade de reconquista de uma riqueza material e imaterial escamoteada por séculos”, contam os curadores. O artista escreveu: “Eu gostaria, sim, de falar sobre uma região que não consta nos mapas oficiais, e que se chama, por exemplo, Cruzeiro do Sul. Seus primitivos jamais a dividiram. Porém vieram outros, e a dividiram com uma finalidade. A divisão continua até hoje”. Também na década de 1970, a produção audiovisual brasileira despontava, tendo a portabilidade, acessibilidade e reprodutibilidade como características marcantes de seu princípio democrático, diante do estado de exceção vivenciado naquele momento. Nos anos 1980, quando o fim do regime militar se desenrolava no Brasil, o Videobrasil promoveu a primeira edição de seu Festival. Inicialmente dedicado a acolher e promover o vídeo no contexto nacional, o Festival abraçou a produção do Sul global com o passar dos anos, na intenção de “tornar presentes outras falas de realidades culturais longínquas”, como definem Solange e Diego.

Quando o Cruzeiro do Sul fala se divide em dois programas: o primeiro deles, A intimidade é o fato, “leva em conta as narrativas de cunho afetivo e intimista, dando importância às questões extraoficiais” levantadas por seus criadores. Fazem parte deste programa, com exibição em 11 de outubro, as obras Les Feuilles d’un temps (2010), de Bakary Diallo, Crazy of You (1997), de Akram Zaatari, The Apocalyptic Man (2002), de Sebastian Diaz Morales, A Pessoa é para o que nasce (1998), de Roberto Berliner, e Sergio e Simone (2010), de Virginia de Medeiros. Na ocasião, a projeção complementar de Doméstica (2012), longa-metragem de Gabriel Mascaro premiado pelo 18º Festival, apresenta-nos ao cotidiano das empregadas domésticas no Brasil. Segundo Diego Matos, é “uma leitura escancarada da vida íntima e familiar brasileira” que inverte momentaneamente uma relação arraigada de subordinação e invisibilidade. No segundo programa, A exceção é a regra, com apresentação em 18 de outubro, a narrativa se dá a partir do olhar do outro, embora a linguagem documental tradicional seja desconstruída nos vídeos selecionados. Fazem parte deste programa as obras Bosphorus: A Trilogy (2012), de Bita Razavi, H2 (2010), de Nurit Sharett, Brisas (2008), de Enrique Ramírez, O Espírito da TV (1990), de Vincent Carelli, e Cows (2002), de Gabriela Golder.

Quando o Cruzeiro do Sul fala complementa a programação da Bienal, ampliando a reflexão em torno do cenário proposto pela curadora para esta edição: “As obras selecionadas para a Bienal celebrarão subjetividades, ações e vozes individuais e coletivas que inferem um gesto político por meio de poéticas e, em última instância, resgatam estas importantes narrativas do silenciamento que lhes foi imposto”, descreve Elvira.


Quando o Cruzeiro do Sul fala

Programa 1: A intimidade é o fato e Doméstica
11 de outubro (domingo), das 15h30 às 18h30
Hagabion | Linnégatan 21, Gotemburgo, Suécia
www.hagabion.se

Programa 2: A exceção é a regra e painel de discussão com Diego Matos, Elvira Dyangani Ose e Lena Essling
18 de outubro (domingo), das 15h30 às 18h30
Hagabion | Linnégatan 21, Gotemburgo, Suécia
www.hagabion.se


Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Gotemburgo
de 12 de setembro a 22 de novembro de 2015
diversas localidades | Gotemburgo, Suécia
www.gibca.se